sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Norton I (A falta de discipulado)


Entre os anos de 1819 e 1880 viveu em San Francisco, um homem que se autodenominava Norton I, Imperador dos Estados Unidos. Vivia e agia como tal e era acatado pela sociedade com todas as honras. Sua presença em festas e eventos era disputada e seu apoio sempre desejado para toda e qualquer causa.
Imprimia seu próprio dinheiro, que nenhum dono de restaurante ousava rejeitar. Uma legítima nota de cinqüenta centavos de dólar do Norton I hoje é comercializada por mais de 500 dólares.
Mais de 10 mil pessoas compareceram ao seu funeral, revelando o quanto valorizavam sua excentricidade.

Acho que todo mundo cresce construindo uma identidade falsa a respeito de si mesmo. Desde a infância, quando sofremos as projeções dos pais e da família...
Ninguém se atreve a tirar as máscaras, e muito menos denunciar as máscaras dos outros. Sobrevivemos de tapinhas nas costas e elogios superficiais. Tempos em que ser celebridade é mais importante do que ser gente. Dias em que para ser celebridade vale tudo, até prostituir a identidade.

Por estas e outras é que acredito que a maturidade implica necessariamente na descoberta do si mesmo. E a libertação começa, no Gênesis, na pergunta que Adão ouviu de Deus logo após o seu pecado, "Onde estás?", que não visa a descoberta de uma localização geográfica, mas sim existencial.
O discipulado um a um circula em torno do "onde estás?", que é uma pergunta muito próxima de "quem é você?" Algo do tipo "Que você não é Norton I, imperador dos Estados Unidos, eu sei. Então, quem é você?"

Os verdadeiros amigos não são aqueles que nos dão tapinhas nas costas e vivem alimentando nossos egos falsos. Amigo é aquele que nos ajuda a enxergar a verdade a respeito de nós mesmos. Amigo é o discipulador que nos coloca de frente pro espelho. Isso exige honestidade, coragem, aceitação, perdão, encorajamento na direção da transformação, disposição de permanecer ao lado, caminhando junto, depois que cai o pano.

O mais triste dessa história é que Norton não é uma personagem, ou um indivíduo desequilibrado. Norton é o nome científico de um tipo de gente. Aquele foi Norton I, depois dele vieram muitos outros. Gente que não entendeu ainda o que ensinou o rei Salomão, esse sim uma celebridade de seu tempo: Pv. 16:32 = “maior é aquele que conquista a si mesmo do que aquele que conquista uma cidade".

As ruas estão cheias de Nortons I... infelizmente, igrejas estão cheias de “Nortons I” ... gente que não se submete, não é transparente...

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